Pular navegação

Tag Archives: barbárie colonial

It’s almost impossible to talk about this quite unknown thinker. Before any consideration the reader must to know Jean-Michel Chabineau. He had huge influence in Federalists thinkers as well as in early north american poetry. Nowadays this author is on focus because of his strongest innovations in the social (and now sports) sciences. In order to create a new perspective concerning the man as a whole, the philosophers, sociologists, anthropologists, and the new school of Liverpool Literature reinvented (as wrongly as possible) the ideas of Chabineau taking the concepts of “transfused place”, “unforgettable moment” and “unbelievable true” in others pathways. Among them, John Chipsantufinf, Maverick Nelson, Striped Horhernberg, Franz James and the main one Judith Aron. The structure of Chabineau’s work is based “in the out-structure of life in a way to reach the ‘real’ unreal place of self experience in the world of nature and things” as he wrote (J-M Chabineau, 1837 Apud J. Aron, 2008: pp. 474).

The influent Chabineau’s work in the thought of these authors was From the Largest Way of New Man (translated from the French edition [1837] by Walt Whitman), an impressive book about the Australian aborigine fundamental life trends in religion and new cultural practices. Chabineau wrote “the new practice in the descriptions of the aborigine’s experience, for the man of Cockatoo, in those days, was like the ‘barbarians ride killing people through the lands of Middle East and Europe. Then, over the Turkish highlands, they took the revelation of a new religion dislocating from one place to another by the board’And so, the Australian took the idea from Hawaiian Black Trunk” (J-M Chabineau Op. Cit. Apud J. Aron: pp. 477). In recent anthropological production we find his echoes in Marshall S.’s world famous Histories of Islands about the myth of Lono’s board and the sorcery in black nights over the neophytes. Chabineau’s ethnography is an emphatic description of Australian practice, showing how they became the first people to take the board as a new public and ecologic transport.

The Cockatoo

The Man of Cockatoo from Melville Island, coast of Arnhem Land. Probably the First Unbelievable One.

That was a new practice. At that time, the aborigines translated the language of the Old Board Spirit, now the perspectives (or the contortionisms) are trying to draw this kind of ‘aura’. On the myth of the Old Spirit Chabineau wrote: “Once upon a time, a kid is playing outside home, when a great Nadia attacks him. The Old Spirit, listening to the child’s shouts, brought him the object of Civilization: the board. The kid took it flying away from Nadia’s poison and left Melville Island“. This is the way J-M Chabineau describes the ritual in his ethnography. The child became the first boarder and the Man of the Cockatoo Totem. The Demiurge!

Chabineau’s ethnography is the true work of the so called 80’s turning point of the anthropology (as they called it in the USA) criticizing the “representation” as cultural images in the “classic anthropology”. So the Bulgarian and Kazakhstan liminal origins of Chabineau shows a great influence in the anthropological thought of 80’s and the opened tendencies concerning outside research’s objects of social practice.

Em Shamanism, Colonialism and Wild Man [1983], Michael Taussig afirma que o realismo mágico através do qual opera as histórias sobre os horrores da selva e da selvageria foi essencial à organização do trabalho de exploração da borracha na região do Putumaio, assim como a ficção consumista de Polanyi [1957] foi para a economia capitalista desenvolvida, afirmando então que o “[…] crucial é entender como essas histórias operaram, através do realismo mágico, a criação de uma cultura do terror que dominava tanto os brancos como os índios”.

indios_huitotoCom isto, afirma o antropólogo que a análise dessas realidades ficcionais e da imaginação que as alimenta – “[…] uma poderosa força política sem a qual não se poderia ter realizado a conquista nem o controle da extração da borracha” – deve voltar-se aos seus aspectos míticos, encerrados na relação entre selvageria e negócio, canibalismo e capitalismo, concluindo que, no caso do Putumaio, o que requer maior análise é a mímese colonial entre o mal atribuído aos selvagens e a selvageria perpetrada pelos brancos, mímese recíproca – embora distorcida – que é intrínseca à construção cultural da realidade colonial: “[…] ‘espelho colonial’ que devolve aos conquistadores o reflexo da barbárie de suas próprias relações sociais, barbárie que é imputada aos maus selvagens. […] E o que é transformado em discurso pela astuciosa prática narrativa dos brancos é o mesmo que eles praticam nos corpos dos índios”.
Tal leitura a contrapelo do texto de Taussig, se assim posso falar, parece ressoar numa pequena narrativa de Franz Kafka, que reproduzo a seguir, sendo recomendada a rigorosa leitura em voz alta, para a apreensão do ritmo impresso na prosa:
   
NA GALERIA
Se alguma amazona frágil e tísica fosse impelida meses sem interrupção em círculos ao redor do picadeiro sobre o cavalo oscilante diante de um público infatigável pelo diretor de circo impiedoso de chicote na mão, sibilando em cima do cavalo, atirando beijos, equilibrando-se na cintura, e se esse espetáculo prosseguisse pelo futuro que se vai abrindo à frente sempre cinzento sob o bramido incessante da orquestra e dos ventiladores, acompanhado pelo aplauso que se esvai e outra vez se avoluma das mão que na verdade são martelos a vapor – talvez então um jovem espectador da galeria descesse às pressas a longa escada através de todas as filas, se arrojasse no picadeiro e bradasse o BASTA! em meio às fanfarras da orquestra sempre pronta a se ajustar às situações.
 
bailarina_cavalo
 
Mas uma vez que não é assim, uma bela dama em branco e vermelho entra voando por entre as cortinas que os orgulhosos criados de libré abrem diante dela; o diretor, buscando abnegadamente os seus olhos respira voltado para ela numa postura de animal fiel; ergue-a cauteloso sobre o alazão como se fosse a neta amada acima de tudo que parte para uma viagem perigosa; não consegue se decidir a dar o sinal com o chicote; afinal dominando-se ele o dá com um estalo; corre de boca aberta ao lado do cavalo; segue com olhar agudo os saltos da amazona; mal pode entender sua destreza; procura adverti-la com exclamações em inglês; furioso exorta os palafreneiros que seguram os arcos à atenção mais minuciosa; as mãos levantadas, implora à orquestra para que faça silêncio antes do grande salto mortal; finalmente alça a pequena do cavalo trêmulo, beija-a nas duas faces e não considera suficiente nenhuma homenagem do público; enquanto ela própria, sustentada por ele, na ponta dos pés, envolta na poeira, de braços estendidos, a cabecinha inclinada para trás, quer partilhar sua felicidade com o circo inteiro – uma vez que é assim o espectador da galeria apóia o rosto sobre o parapeito e, afundando na marcha final como num sonho pesado, chora sem o saber.

 ♦

Segundo seu tradutor, Modesto Carone, esta narrativa, contida em O médico rural [1990], é um “[…] verdadeiro poema em prosa composto por dois períodos e duas codas dialeticamente articulados, em que os dados da realidade nua e crua do primeiro são apresentados como hipótese, ao passo que a versão distorcida e cor-de-rosa do segundo vem marcada pelas certezas do indicativo. Nada disso no entanto é estranho, principalmente para quem disse, um dia, que no mundo ‘há muita esperança, mas não para nós'”. Nada estranha também a proximidade com Taussig, se lembrarmos que este encontra o princípio ‘natural’ da mímese – e seu leitmotiv – em outra narrativa kafkiana do mesmo livro, “Um relatório à academia”, do qual Taussig empresta o título ao prefácio de seu Mimesis and alterity [1993].

Assim, pergunto: Em que medida os “índios” do Putumaio descritos por Michael Taussig guardam semelhanças com esta amazona frágil e tísica, mas que se apresenta como bela dama em branco e vermelho, girando por séculos a fio no picadeiro macabro do espaço da morte? Em que medida os “brancos” não se parecem com este diretor de circo a empunhar o chicote chamado “exigências de mercado”, cujas chibatadas mantêm o galope do cavalo chamado “empresa capitalista” em torno do pidadeiro da economia global? Em que medida os “muchachos” não se aproximam dos orgulhosos criados de libré que controlam as cortinas/véu alucinatório, sem descerrá-lo todavia? Em que medida o ocidente não se senta na galeria e, ao assistir a tal espetáculo macabro de que é co-partícipe, chora sem o saber? E, finalmente, o quanto não haveria deste espectador que irrompe no picadeiro para dizer BASTA! em Timerman, em Taussig e em Mutumbajoy, ao buscarem, tal qual outros escritores argentinos do período da sua ditadura militar (como Manuel Puig e Luis Gusmán), romper o círculo de sortilégio das narrativas sobre o terror ao orquestrar o realismo mágico com a realidade da magia [Taussig 1983]?